Eu vivo na estrada
fazendo confusão.
Ah, se não fosse
essa tal de solidão.
Eu canto pelos cantos
encantando até a nata.
Sou capaz de agradar
até um psicopata.
E para a menina sensata,
sem salto, sem sonho,
sem batom e sem nada:
eu não me disponho.
Talvez a melodia fosse
a melodia inesperada
ou talvez eu toquei
a nota totalmente errada.
O sol daqui é o mesmo aí,
só que aqui é mais quente.
Aqui o sol brilha sem parar
e aí quem brilha é a gente.
E o vento aqui refresca
enquanto aí ele congela
e eu congelo o pensamento
ao pensamento dela.
Tem dias que nada dá certo
e tem dias que te tenho por perto.
E eu escrevo em
linhas tortas
porque se eu fosse reto,
eu iria direto
para a tua porta.
Eu viajo e te vejo pela estrada,
na rodoviária e no meio do mar.
Te vejo no céu, nas montanhas
e eu também te vejo no altar.
Eu escrevo poesia em um papel,
em um quarto de hotel,
apenas para relembrar
que o sol, o mar
o som e a estrada
comparados ao seu olhar
castanho-claro, não são nada.